Escritos para você

16
Abr 12
Este conto foi escrito pelo meu filho Miguel em 2003, quando ele cursava a turma 41 do Colégio Israelita Brasileiro, na turma da Prof. Márcia Levandowski. Foi um trabalho de produção textual, e cada aluno da turma escreveu um texto, que gerou um livro. Durante esses anos, guardei este livro, que contém todas as assinaturas de seus amigos e colegas da série. Uma lembrança e tanto. Assim, colocando “A casa” no blog, pretendo homenageá-lo, mostrando-lhe que todos temos as nossas lembranças, as nossas histórias, os nossos méritos e que o tempo sempre nos mostra os caminhos seguidos e aqueles a seguir. Deus te abençoe,  meu amado Miguel, e que te tome em Suas Mãos Sagradas.
 
Teu pai,
 
Hilton
 

A casa


Era aquela casa que mais se comentava no bairro. Talvez pelas portas e janelas sempre cerradas, talvez pela imponência da fachada com aquele portão imenso. Só sei que era curioso. Sempre que passava por ali, ficava observando para ver se alguém aparecia ou acontecia alguma coisa. À noite sempre se ouvia uma música suave no bairro. Muitos diziam que vinha do casarão. Mas como poderia? Ninguém entrava nem saía de lá há anos?

Muitas vezes eu perguntava aos meus pais o que poderia ser aquilo, mas eles sempre acabavam discutindo:

- Eu discordo! – dizia meu pai – Esse som não vem de igreja nenhuma!

Minha mãe dizia que aquele som vinha de uma igreja dali de perto, e os dois ficavam discutindo um tempão.

O meu pai era meio bizarro, ele não tava nem aí pro que os outros pensassem dele, não que ele fosse um pé-rapado nem algo assim, pelo que eu percebia, ele era um ótimo marido e um bom pai. A minha mãe é bem cuidadosa, gosta de se maquiar, se arrumar, enfim, tudo que uma mulher gosta de fazer. Os dois se davam muito bem.

Vamos falar um pouco de mim, pois afinal, sou o personagem principal dessa história. Eu tenho dez anos e estou na quarta série, meu nome é Rafael, estou de fárias (aleluia!) e nem quero me lembrar do colégio. Minha mãe diz que eu tenho que estudar, mas eu não “tô nem aí”.

Um dia, eu resolvi entrar naquele casarão de uma vez por todas e acabar logo com este mistério.

Arrumei tudo à tarde sem que meus pais soubessem: o material que eu ia usar era graxa para passar no rosto e me camuflar, um pouco de chocolate caso desse fome; lanterna, um bloco de anotações, pilha para se faltasse na lanterna. Não quis convidar nenhum amigo, pois se ganhasse algo, queria que fosse só meu.

Fui, pulei o muro, pois dava para ouvir a música mais alto, deu pra perceber que era uma ópera. O jardim era muito bonito,  tinha rosas, hortências, violetas, margaridas e muitas outras flores.

Descobri que aquele som vinha de um cantor de  ópera , que todo o dia ele cantava e que tinha um vozeirão.

Mas vocês ainda não sabem como ninguém o via. Né? Não. Que bom, agora eu conto pra vocês. O que acontece é que atrás daquele casarão tinha um super mercado e ninguém sabia que ele morava ali, ele comprava o que precisava e entrava no casarão pela porta dos fundos,por isto ninguém o via.

Rafael não quis dizer isso para polícia , porque estragaria o segredo.

Miguel Besnos

 

publicado por blogdobesnos às 15:47

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